segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Noticias do Mapiá


Foster Brown visita o Céu do Mapiá
Pesquisador falou sobre as mudanças climáticas na floresta
Céu do Mapiá

No final do mês de julho tivemos a oportunidade de receber na Vila Céu do Mapiá a visita do professor Foster Brown e do ambientalista norte americano Lou Gold, nosso amigo de longa data. A iniciativa do evento foi do Instituto CEFLURIS e teve também o suporte da COOPERAR.



O professor Foster Brown é cientista do Centro de Pesquisa de Woods Hole no Experimento de Grande Escala Biosfera-Atmosfera (LBA) e docente do Curso de Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais da Universidade Federal do Acre. Ele é uma referência mundial em mudanças climáticas, consultor do Painel de Clima da ONU e assessor do governo do Estado e da Defesa Civil no monitoramento e prevenção de risco de incêndios florestais.
Nosso objetivo ao trazer tão eminente cientista até nossa comunidade foi o de sensibilizar nossa população e principalmente os jovens, diante deste debate tão importante que envolve a relação  entre manejo da floresta tropical úmida, emissão de carbono e mudanças climáticas.
Na sexta feira dia 29 de julho, com a presença de aproximadamente 70 pessoas, o professor Foster, depois de assistir a nossa oração, proferiu na Igreja uma palestra, ilustrada com muitos slides, sobre o tema  “As mudanças climáticas e a floresta”. Nela, ele traçou um panorama de como funciona a regulagem geral do clima em nosso planeta, o papel que o ecossistema amazônico desempenha dentro disto . Destacou a importância das árvores como sendo grandes bombas que fazem retornar a água infiltrada na terra para a atmosfera na forma de vapor d’ água e o risco que representa as derrubadas e queimadas das florestas tropicais em todo mundo. Salientou ainda que isto é a causa de quase 20% da emissão de carbono na nossa atmosfera, sendo portanto o 2ª fator mais poluente, ficando apenas atrás da queima de combustível fóssil.
Falou ainda dos indícios cada vez mais mais alarmantes de como estes fatores  contribuem para o chamado aquecimento global  e os riscos que poderiam advir de um aumento da temperatura em nosso planeta, o que vem preocupando muitos cientistas, principalmente nestas últimas décadas. O professor Foster alertou para o fato de que se antes a floresta se constituía em uma defesa natural contra o fogo, com o aumento da temperatura, ela poderia se tornar um importante fator de risco de incêndios.
No sábado dia 30, foi realizada no chapéu de palha da Santa Casa uma oficina com 35 participantes, onde os temas da palestra foram aprofundados e procurou-se estabelecer algumas metas práticas  para o grupo  que pretendia continuar  desenvolvendo este estudo. Mais tarde, foi realizado no Telecentro Nova Idéia uma capacitação com os jovens para  acessar os sites de previsão metereológica. A partir desta iniciativa, será estudada a possibilidade de se montar no Mapiá uma pequena estação de coleta de dados sobre indicadores do clima.
O professor visitou alguns setores da comunidade, ficando muito bem impressionado com tudo, principalmente com o trabalho desenvolvido pelo grupo de saúde ambiental. Foi colocada em pauta a participação do grupo dentro do movimento  350, que pretende pressionar os governos do mundo para a fixação do teto de 350 (partículas por milhão) de carbono  na atmosfera. Para se ter uma idéia do que isto representa, de 10 000 anos atrás até antes da revolução industrial a cerca de 200 anos , este índice era de 280 milhões e agora está em torno de 385 milhões e tende a crescer de forma cada vez mais intensa. O site 350 abrange representações em mais de 100 países e patrocinará no dia 24 de setembro próximo um Dia de Emissão Zero de Carbono em todo planeta.
Ao final deste intenso fim de semana, todos ficaram muito satisfeitos. Principalmente ao constatar a aplicabilidade prática destes conhecimentos. Isto porque, quase uma semana após a visita do professor, a friagem indicada pelo site do INPE chegou na quinta-feira como fora prevista, obrigando os mapienses menos crédulos  a tirarem do baú seus cobertores e “capas”.
O professor Foster, em diversas oportunidades, declarou  que via em nossa comunidade a possibilidade de um modelo para a ocupação da Amazônia, capaz de influenciar muitos outros lugares do planeta. E também se referiu ao fato de que existe um lado da questão que é “espiritual”.
Acreditamos que justamente aí reside o nosso papel: o de ser um ponto de convergência entre a difusão e prática destes ensinamentos e a opção espiritual necessária para ajudar nossa floresta e nosso planeta nesta difícil crise que eles atravessam.
Para isto, reunimos o fato de ser uma comunidade organizada e bem sucedida no coração da floresta amazônica, praticantes em sua grande maioria de uma tradição religiosa enraizada na espiritualidade milenar dos povos nativos da floresta, cujo sacramento enteógeno por nós consagrado de forma ritual sempre nos alerta e nos lembra destes perigos que ameaçam nossa biosfera. Perigos estes que hoje começaram a fazer parte das agendas dos melhores cientistas e filósofos, confirmando nossos antigos profetas e mestres espirituais da atualidade, entre eles, o próprio Parinho Sebastião.
Portanto, a oportunidade que tivemos, principalmente nossos jovens, de refletir sobre nosso planeta é um fato bastante auspicioso. Pois a nós agora e a eles no futuro, vão caber as decisões mais difíceis. Cada um de nós tem a sua parcela de responsabilidade a assumir que está diretamente ligada ao nosso estilo de vida. Por um lado, nossa opção comunitária pode ser um importante laboratório social para este futuro. E por outro lado, nosso trabalho espiritual de  expansão da consciência reforça nossa compreensão e nos ajuda a seguir um bom caminho, unindo ética, espiritualidade e ecologia.

Alex Polari de Alverga
Presidente do Instituto Cefluris

Foto: Foster em oficina na Floresta

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